Florestas Culturais: Memória e Cultura nos processos de Emergência Étnica na Amazônia, Rio Andirá, quilombo Matupiri, Barreinha-AM

Authors

  • João Marinho da Rocha

DOI:

https://doi.org/10.46814/lajdv3n3-038

Keywords:

Memória, Cultura, Emergência Étnica, Quilombos do rio Andirá

Abstract

Entender os processos e formas de conhecimentos criadas e acionados pelos sujeitos sociais do rio Andirá, quilombo Matupiri, Barreirinha-AM para a constituição da sua recente Identificação Étnica como quilombolas” é foco deste texto. Dialogamos com as “Questões de Identidade e Hibridismo Cultural” sugeridas a partir das leituras (HALL, 2003), (BURKE,2003) e estudos como (FUNES,1995), (GOMES,1997), (SAMPAIO,2011), quem indicam o fim do silêncio para a presença negra na configuração histórica e social da Amazônia, onde inúmeras emergências Étnicas por toda região nos últimos vinte anos. Identificar, descrever e refletir tais emergências é um dos objetivos deste texto que é um fragmento inicial da proposta de Tese junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia PPGSCA/UFAM. Boa Fé, Ituquara, São Pedro, Santa Tereza do Matupiri e Trindade constituem o Matupiri que, após dez anos de lutas locais e regionais articulados aos demais contextos e “agentes externos”, foi reconhecido como remanescente de quilombolas pela Fundação Cultural Palmares (Portaria Nº 176, de 24 de outubro de 2013). Nos ocupamos da compreensão desses processos de Identificação Étnica como remanescente no Rio Andirá, tradicionalmente associado como território do povo indígena Sateré-Mawé. Os sujeitos sociais do Matupiri acionaram inúmeros mecanismos para compor seu processo de constituição Identitária como remanescentes quilombolas. As festas populares aparecem como espaços simbólicos de pertencimento, onde são atualizadas as memórias do cativeiro e dos mundos vividos naquela fricção Étnica do rio Andirá que apontam para as “florestas culturais” existentes nas Amazônias. Enquanto “sujeito de direito” (MATTOS,2006), os negros do rio Andirá passaram a acionar uma memória do cativeiro que deu sustentação para sua luta por reconhecimento como comunidades remanescentes quilombolas. A memória passou então a desempenhar importante papel na construção de caminhos que os levassem ao “dizer-se e ser” (BRANDÃO, et all,2010) quilombola no Andirá. As primeiras estratégias foram marcadas pelo levantamento das reminiscências dos idosos, que passaram a ser os guardiões da memória, implicando-lhes novos valores às histórias contadas por seus pais e avós, (MATTOS,2006). Tais valores foram revestidos com a força da tradição oral os ligou a um passado da escravidão negra na Amazônia, legitimando sua luta pela titulação de suas “terras tradicionalmente ocupadas” (ALMEIDA,2008). A memória serviu no Matupiri como suporte para organizar as manifestações folclóricas que passam a ser “ritualizadas” nas comunidades em datas específicas e com isso constituem os “processos de vivências de uma memória coletiva” (ORTIZ,2006) sobre aquele grupo que se liga a experiência da escravidão do século XIX, e que, a partir de sua realidade social deste contexto do início do século XXI, busca acessar seus direitos coletivos enquanto grupo Étnico diferenciado no rio Andirá.

Published

2021-06-21

How to Cite

DA ROCHA, J. M. . Florestas Culturais: Memória e Cultura nos processos de Emergência Étnica na Amazônia, Rio Andirá, quilombo Matupiri, Barreinha-AM. Latin American Journal of Development, [S. l.], v. 3, n. 3, p. 1501–1515, 2021. DOI: 10.46814/lajdv3n3-038. Disponível em: https://ojs.latinamericanpublicacoes.com.br/ojs/index.php/jdev/article/view/379. Acesso em: 29 mar. 2024.
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